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31.8.08


UM ÉDEN





Devia ter partilhado há algum tempo, a minha estadia no paraíso, mas por mais articulado que fosse o texto, na hora de o gravar aqui e de me deixar levar, a saudade bate e as mãos fraquejam.


Foram umas férias que há muito eu ja desejava e contava os dias para a entrada no Éden. Custa a chegar o dia da partida...Custou a viagem até ao destino...mas finalmente chegámos...





Uma aventura na Ilha do Farol com... Caracol, Lilas, Joãozinho, Careca e Sarocas


Chegados a Faro, esperamos ansiosamente pelo nosso MarTaxi. Só de olharmos para os nossos mantimentos, assaltava-nos a ideia de que seriam precisos duas traineiras para nos levar em direcção à luz que lá ao longe iluminava o horizonte.


Deixaram-nos mesmo à porta da nossa mansão. Aberta a porta, recolhida a bagagem, arrumada a dispensa... Foi hora de montar tenda...O ninho do amor. Lembro-me de respirar fundo enquanto olhava para as luzes bem pequeninas ao longe que nos davam sinal de haver mundo lá fora. Ainda hoje recordo aquela sensação de liberdade e felicidade.

Adormecer com o barulho dos barcos e o barulho do mar, adormecer a ver o sorriso mais lindo do mundo...

Acordar com o cheirinho, como calor que as 7h30 queimava...Só qualidade de vida. O meu careca viu, na famosa canoa amarela, o se brinquedo preferido. Nós éramos colchões de várias cores e tamanhos, até um barquinho com um pipo.

E a famosa manta ribatejana??? Por acaso este ano não teve muitas visitas do meu belo esqueleto, preferia a tenda lol. E sentires a água fresquinha a bater-te nos costados, que brotava do famoso chuveiro encarnado?! E as idas ao autocolismo amarelo?!

A cozinheira de serviço, a minha Lilas, fez pitéus dignos de qualquer restaurante gourmet... SIM... porque ninguém, no mais puro conforto do sofá, se lembra de fazer aqueles pitéus com mais variedade na dispensa. Mas ainda tivemos direito a uns mexilhões à moda da Lilas... Cornishman, um barco que outrora dera à costa, hoje tem os seus já poucos destroços, povoados de semelhante bicheza.

A minha rouquidão ia desaparecendo. Quase não falava e quando o fazia, soltava uma espécie de grunho abafado e alcoólico das minhas cordas vocais.

Este ano explorámos muito mais a ilha. Não havia noite que não colocássemos a mochila às costas e, de chinelo no pé, lá íamos nós até ao centro da ilha. Caminhadas cheias de momentos de parvoíce, euforia...

A última noite do Joãozinho foi diferente. Toca a abrir os cordões à bolsa. A cozinheira fez greve, os lava pratos também se impuseram e foi tudo a toque de caixa ao reataurante lá do sítio. Pedimos o mais saudável... BITOQUE...aaahhhhhh e com muita maionese.... e muita sangria.... 2 jarritos pronto....


Dia de Substituição na equipa

Mais ou menos a meio da semana, um companheiro ruma ao Ribatejo, mas alguém vem em sua substituição. Sai o meu primo, entra a minha mana. Eu estava ansiosa pela chega dela, ansiosa para ouvir a sua primeira impressão, ansiosa para partilhar com ela aquele local mágico.

O nosso dia-a-dia mantinha-se inalterado. Levantar muito cedo, apreciar o que a vista alcançava. Respirar o cheiro do mar, respirar fundo e pedia para o tempo parar, pedia para que aquela paz que eu sentia não acabasse nunca. Preparávamos o pequeno almoço e de seguida colocavamos o esqueleto de molho. Como alguém dizia há um ano atrás 'aaahhhhhhhhhhhhh como se está bem no campo'.

A natureza tem destas coisas... o nosso último dia teve direito alterações do estado do mar, a ventania, a frio. Tudo devido ao eclipse lunar. Podemos apreciar a um pôr-do-sol magnifico, como nunca tinha presenciado em toda a minha vida. No céu uma miscelânea de cores apresentava-se como se de um quadro se tratasse. Partilhei estes momentos mágicos e únicos com quem eu mais amo.


O dia da partida, o dia de voltar à normalidade... Fiz toda a minha caminhada pela areia com um nó no estomâgo. A nostalgia apoderou-se de mim mal abri os olhos e disse bom dia ao meu careca. o saber que nessa mesma noite já não ia virar-me para o lado e dizer 'dorme bem', saber que nessa noite já não ia sentir aquele abraço forte, saber que ia adormecer no silêncio.

A viagem até ao 'continente'...ver o Farol cada vez mais longe... como é que é possível algo fazer-nos falta que nem há 5 minutos atrás a tinhamos?! O Farol cada vez mais longe do horizonte e a realidade cada vez mais perto...

Parece que ainda hoje vejo o relógio do meu carro a virar para as 15H. A hora a que nos fizemos à estrada. Viagem longa...

Muitas horas depois... Santarém... Aquela sensação de garganta a arder porque os olhos querem deitar água?! A vontade de gritar a plenos pulmões 'QUERO VOLTAR PRA ILHAAAAAAAAAAA'...

Nunca me custou tanto dizer ATÉ AMANHÃcomo nesse instante. Como nesse instante em que te deixei à porta de casa... Nunca me custou tanto dar-te a mão, enquanto te dizia 'quando chegar a casa ligo'...

Já lá vão 20 dias, mas a saudade está cá toda e aumenta de dia para dia...

3 comentários:

Tânia Cristina disse...

LINDO...
FANTÁTICO...
MARAVILHOSO...
Sorri...
Ri à gargalhada...
Mas na última parte Chorei...
Como se fosse um filme e/ou romance bem escrito...

Saudade...dói!
Mas é bom senti-la, especialmente quando se sabe que é recíproca
(será assim que se escreve?? ;/)!!

Descrição de Surya disse...

Como é lindo o Amor...
A sitios, pessoas e momentos que são magia pras nossas vidas. Acho que este foi um desses pra ti...
Essas paisagens amiga são de fazer inveja, um paraíso bem aqui ao lado.
Adoro-t Sarixa

Aninhas disse...

Lembro-me bem!!! Tu acompanhaste essa "fase" da minha vida.

Beijinhos, que saudades...